Citologia
A fronteira das células
No mundo de hoje, é comum pensarmos em um país
como sendo uma porção de terra delimitada espacialmente das demais pela
presença de uma fronteira. Vamos pensar no caso do Brasil. Estamos
rodeados de mar em metade do nosso território e, na outra metade,
fazemos fronteira terrestre com outros nove países da America do Sul. Em
suas fronteiras, todos os países instalam uma alfândega, que é uma
repartição governamental de controle do movimento de entradas e saídas
das pessoas e de mercadorias para o exterior ou deles provenientes.
Com as células não é diferente. Cada uma delas
tem uma “área de fronteira”, representada pela membrana plasmática e,
nesta área, as células também possuem o seu “posto alfandegário”, as
proteínas. Assim como nas aduanas das fronteiras entre os países, essas
proteínas são as responsáveis pelo reconhecimento de substâncias vindas
de dentro ou de fora da célula como, por exemplo, hormônios.
O trabalho realizado por uma célula é semelhante
ao que acontece em uma fábrica, como a de televisores, por exemplo.
Através de portões, dá-se a entrada de diversos tipos de peças
destinadas as linhas de montagem. Para a fabricação e a montagem dos
aparelhos, são necessários energia e operários habilitados. É preciso,
ainda, um setor de embalagem para preparar a expedição do que é
produzido e uma diretoria para comandar todo o complexo fabril e manter o
relacionamento com o mundo externo. Tudo dentro dos limites
representados pelo muro da fábrica.
A célula possui setores semelhantes aos de uma
fábrica. Um limite celular, representado pela membrana plasmática,
separa o conteúdo da célula, o citoplasma, do meio externo. O
citoplasma, constituído por organóides e hialoplasma (ou citosol), um
material viscoso representa o setor produtivo. Um núcleo contendo o
material genético representa “a diretoria” da célula.
Os limites da célula viva
Uma célula viva é um compartimento microscópico,
isolado do ambiente por pelo menos uma barreira: a membrana plasmática.
Está é uma película extremamente fina e delicada, que exerce severa
“fiscalização” sobre todas as substâncias e partículas que entram e saem
da célula.
Dada a relativa fragilidade da membrana
plasmática, a maioria das células apresenta algum tipo de envoltório que
dá proteção e suporte físico à membrana. Entre esses envoltórios
destacam-se o glicocálix, presente na maioria das células animais, e a
parede celulósica, presente em células de plantas e de algumas algas.
Glicocálix
Se isolássemos uma célula de nosso corpo, notaríamos que ela esta envolta por uma espécie de malha feita de moléculas de glicídios (carboidratos) frouxamente entrelaçadas. Esta malha protege a célula como uma vestimenta: trata-se do glicocálix (do grego glykys, doce, açúcar, e do latim calyx, casca envoltório).
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Diversas funções têm sido sugeridas para o glicocálix. Acredita-se que, além de ser uma proteção
contra agressões físicas e químicas do ambiente externo, ele funcione
como uma malha de retenção de nutrientes e enzimas, mantendo um microambiente adequado ao redor de cada célula. Confere às células a capacidade de se reconhecerem,
uma vez que células diferentes têm glicocálix formado por glicídios
diferentes e células iguais têm glicocálix formado por glicídios iguais.
Parede celulósica
As células vegetais possuem um envoltório externo, espesso e relativamente rígido: a parede celulósica, também chamada membrana esquelética celulósica;
Paredes celulósicas primárias e secundária
Células vegetais jovens apresentam uma parede celulósica fina e flexível, denominada parede primária.
A parede primária é elástica, de modo a permitir o
crescimento celular. Depois que a célula cresceu e atingiu o tamanho e a
forma definitivos, forma-se a parede secundária, mais
espessa e rígida. A celulose que constitui a parede secundária é
secretada através da membrana plasmática, e se deposita entre esta e a
superfície interna da parede primária, na qual adere fortemente.
Constituição da parede celulósica
A parede das células vegetais é constituída por
longas e resistentes microfibrilas do polissacarídeo celulose. As
microfibrilas celulósicas se mantém unidas por meio de uma matriz
formada por glicoproteínas (proteínas ligadas a açucares), hemicelulose e
pectina (polissacarídeos).
A estrutura molecular da parede celulósica aplica
o mesmo princípio do concreto armado, no qual longas e resistentes
varetas de ferro estão mergulhadas em uma argamassa de cimento e pedras.
Na parede celular, as microfibrilas de celulose
correspondem às varetas de ferro do concreto, enquanto as glicoproteínas
e os polissacarídeos da matriz correspondem à argamassa.
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